A VOZ DAS MINAS

    Criada na década de 1980, a competição de poesia performática que nasceu das vozes que ecoavam nas ruas de Chicago - Estados Unidos em 1980, tornou-se popular nas periferias do Brasil, conhecida como Slam.

  O Slam chegou ao Brasil através da atriz e poetisa Roberta Estrela D’Alva, mais conhecida por ter sido apresentadora do programa Manos e Minas da TV Cultura.  O primeiro contato de Roberta Estrela com o Slam Poetry foi em uma viagem aos Estados Unidos, e ao voltar ao país, junto com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos (primeira companhia brasileira de teatro e hip-hop) também idealizada por ela, fundou a Zona autônoma da palavra (ZAP), primeiro Slam brasileiro, em 2008. Se tornando pioneira no país.

   Hoje, as competições do Slam se popularizaram e vem se destacando por ter como maior característica os seus versos marginais, que retratam a resistência do povo negro e a sua luta por um lugar na sociedade. Trazendo discussões sobre racismo e violência. Dessa forma, o Slam tornou-se, além de uma competição de poesia performática, um instrumento político de reivindicações de direitos e resistência. No entanto, a maior concentração de Slams que existem no Brasil se encontram no estado de São Paulo, e, por isso, muitos desconhecem a existência dos Slams de outras regiões, como, por exemplo, o Slam das minas de Recife. Se já não é fácil ser preto e periférico no país, imagina no nordeste brasileiro; esquecido por muitos e lembrado apenas por alguns. No entanto, por ironia da vida e por puro talento, foi de pernambuco da onde veio Bell Puan,  ganhadora do Slam BR, representando o Brasil em 2017, no campeonato internacional de Slam em Paris.